Brrr! O Inverno, na verdade, chegara cedo naquele ano e mostrava-se com pressa de enregelar as coisas, os animais e as pessoas. Dezembro mal despontava e a neve tomara já posse da cidade. Estendera os seus tapetes de feltro sobre os telhados inclinados das casas e sobre a superfície plana das ruas, cobrira de mantas, ao acaso, as àrvores nuas. Teresa com o seu dufflecoat colado ao corpo, as faces ou o que delas se via, crivadas de flocos de neve, seguia pela avenida de Berlim, em direcção a casa. — Brr...! Perto de casa, Teresa tropeçou numa enorme pedra escondida sob a neve, e quase ía a soltar uma praga, quando nesse instante, ouviu a voz da sua senhoria. — O carteiro deixou uma carta para a menina. Sabe, disse ela com um sorriso malicioso, a carta não vem de Portugal, mas sim da Inglaterra. Ao princípio Teresa mostrou-se surpreendida com a carta, mas logo, impelida por uma súbita ideia: — Oh! É de um amigo português que está a estudar em Londres. Com e